quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Confira a lista de 15 filmes da Bueiro Aberto


Em 2015, a produtora da Companhia Bueiro Aberto produziu 11 filmes, entre médias e curtas. Sem qualquer recurso e tendo apreço pela cinefilia, buscando dialogar com as diversas vertentes do cinema, sem medo de por as ideias em prática, experimentando, completamos a marca de 15 filmes, os outros 4 feitos entre 2013 e 2014. As obras simbolizam nada mais nada menos do que o desejo de fazer cinema e o gosto mesmo que nos faz passear pela nossa estética.

Foram 9 curtas, 4 médias e 2 longas. Em 2016, já temos 4 novos projetos que já estão em andamento, entre eles, o longa de ficção "O medo da noite", primeiro filme que faremos com financiamento. Confira a lista das nossas obras abaixo, algumas estão disponíveis na internet e outros circulando por aí:

1. Numa roda de choro (2015)
2. Na real, patins street (2015)
3. Viola Urbana (2015)
4. Bamba de Vila (2015)
5. Contravenção (2015)
6. Entre máscaras (2015)
7. O sexto sentido do mundo (2015),
8. Transmutação (2015)
9. Um verso na Maquinaria (2015)
10. Dvd Orlando Alvorada (2015)
11. Quem matou a educação de São Paulo (2015)
12. Democracidio (2014)
13. Tire os óculos escuros (2014)
14. A cidade (2014)
15. Uma flor nasceu no esgoto (2013)

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Mostra Marginal de Curtas exibirá 2 curtas Guarulhenses de 2015


"Necessidade Básica?" e "Tucunaré" são destaques na última exibição do ano

Caramba, quanto trabalho, mas recompensador, após 11 meses contínuos de exibições com cerca de 22 curtas exibidos, a Mostra Marginal de Curtas no Sarau Carolina, organizada pela Companhia Bueiro Aberto e pelo Jornal Dialética, chega a sua última exibição do ano de 2015. Só temos a agradecer o público e todos que nos ajudaram a difundir o cinema independente, sem qualquer apoio institucional ou empresarial, apenas a autonomia de produtores que põe a mão na massa na periferia, mas sem saudosismo ou paternalismo, são pessoas de dentro da quebrada e que simplesmente fazem sua cultura nos locais onde já moram.

E nada melhor do que encerrar o ano com chave de ouro exibindo dois curtas feitos por produtores guarulhenses independentes da cidade de Guarulhos no ano de 2015. Ambos de parceiros da Bueiro Aberto que vão pro arrebento sem medo e sem se submeter a qualquer autoridade cinematográfica comercial. Guarulhos fervilha de arte e de cinema! Os curtas são: "Necessidade Básica?", do coletivo Polissemia e "Tucunaré", da Barreto Filmes.


NECESSIDADE BÁSICA?

O primeiro curta é "Necessidade Básica?". Dirigido por Cláudia Isadora e Renato Santos, produzido pelo Coletivo Polissemia, o curta narra as precariedades da saúde pública que pode ser vista tanto na cidade de Guarulhos como no resto do país, políticos corruptos que só buscam reeleição, burocratas que nada entendem do cotidiano do hospital e as principais vítimas, pacientes e funcionários.

No Hospital Geral de Guiapeca, Dr. Débora (Pamela Regina), única médica de plantão, lida com um conflito interno e decidirá entre abdicar ou não de seu cargo. A principal causa disso é o descaso da atual gestão liderada pelo Prefeito (Peterson Queiroz) e pela figura cômica de seu secretário de Saúde (Jimmy Andrade)

Com um roteiro muito bem encadeado que caminha entre o ambiente onde as decisões sobre saúde pública são tomadas (de acordo com interesses financeiros) e o local onde essas decisões afetam negativamente a população, vê-se o contexto de um hospital público praticamente abandonado. Mas a abordagem não é generalista, parte dos desafios de uma médica que não sabe qual decisão tomar diante de tamanha falta de respeito do poder público, há, além do quadro social, um ser humano que luta consigo mesmo.

A direção de arte caminha no sentido de ambientar as duas locações onde as cenas acontecem, do hospital caótico ao gabinete do prefeito, das salas aprisionadas onde o drama acontece às salas requintadas da elite política.

A direção de fotografia demonstra a fase experimental pela qual passa o cinema guarulhense, o teste de planos, sobretudo os tradicionais plano aberto e plano fechado. Isso é parte do processo de quem está conhecendo a linguagem de imagens.

Na montagem, destaque para a mistura de cortes lineares com cortes descontínuos, estes últimos aparecem menos, mas já indicam de novo a experimentação. E na atuação é salutar a emoção transmitida pela atriz Pâmela Regina.

Obviamente, como é comum no cinema independente, há os problemas que normalmente enfrentamos, sobretudo na pós-produção. Mas cinema é processo, aos poucos os produtores de Guarulhos vão dominando a estética cinematográfica e seus trabalhos já demonstram qualidade e relevância. A bueiro aberto passa pela mesma fase.


TUCUNARÉ

O segundo curta a ser exibido é "Tucunaré", da co-irmã Barreto Filmes, dirigido por Thiago Barreto, importante cineasta, ator e produtor da cidade que vem trabalhando há mais de um ano em parcerias com a Companhia Bueiro Aberto.


Feito com atores do Grupo Teatro Oficina Uzina Uzona, do diretor Zé Celso, o curta, sem diálogos, é formado por imagens misturadas com uma trilha sonora embriagante e descreve um ritual entre o homem e a árvore, uma reintegração com a natureza em tempos de tecnologia avassaladora.

Tucunaré é um termo indígena que significa "amigo na árvore" e parte da ideia mitológica de que o primeiro homem vivia junto da árvore, no topo, ao descer para comer as frutas podres do chão, desenvolveu o cérebro e a civilização. Não se trata, porém, de uma negação completa ao aprimoramento da racionalidade, o escopo é revirar o processo de evolução de modo a fazer o ser humano, depois de expandir a técnica, voltar à sua origem e à sua harmonia com a natureza. No fim, trata-se uma crítica à destruição ambiental e á desumanização provocada pelo mundo urbano.

Como se fosse um ritual, numa fotografia frenética que aposta em composições arrojadas de quadros e em movimentações rápidas de câmera, "Tucunaré" se consolidou na montagem dinâmica que se faz também como ritual. Os atores adentram à natureza de tal forma que voltam a ser parte imanente dela, são a árvore, a terra, a água, a vida.

Após a produção desse curta, Thiago Barreto e o diretor da Bueiro Aberto Daniel Neves decidiram transformar Tucunaré num longa-metragem que mistura documentário e ficção e se propõe a ser uma pesquisa acerca das culturas indígenas amazônicas e do uso da planta de Ayahuasca em cerimônias religiosas. O longa busca agora financiamento para ser realizado.


Tudo isso sábado agora, no Sarau Carolina






quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Contravenção será exibido nesse sábado em Guarulhos


Contravenção, curta de ficção da Companhia Bueiro Aberto, será exibido nesse sábado na cidade de Guarulhos juntamente com diversos outros curtas de cineastas guarulhenses. A exibição é parte do projeto Cineclube Incinerante.







segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Saudações ao Cineclube Incinerante


"No mês de outubro, se iniciou na cidade de Guarulhos, o Cineclube Incinerante"


É certo que o aumento do acesso a equipamentos proporcionou a possibilidade de se fazer cinema mesmo sem recursos e sem pertencer a uma classe social específica. A geração dos últimos 15 anos presenciou a expansão de produções pelo Brasil afora.
Com disposição, prática, criatividade é possível sim fazer um filme. Prova disso são os diversos curtas, documentários, longas que vem nascendo principalmente nas periferias.
Esse ano, por exemplo, a Companhia Bueiro Aberto, entre parcerias com produtoras e coletivos, produziu 11 filmes, estamos inclusive preparando um artigo nesse blog sobre nosso cotidiano de roteiros, pré-produções, sets de gravação, montagem, finalização.
E não somos os únicos na cidade de Guarulhos, coletivos novos e obras vem compondo a cena e o cinema vai se ampliando na cidade. Esse foi o tema de matéria publicada pela revista guarulhense Wekkend no mês passado.
Todavia, nos deparamos com um problema que aflige produtores do país todo: fazemos os filmes, mas e depois? Trazendo a experiência citada acima, nós da Bueiro Aberto enxergamos esse empecilho cotidianamente, como fazer com que nossas películas cheguem ao público? Diante das poucas salas de exibição dominadas pelo enlatado americano, de uma rede de televisão monopolizadora e colonizada e da falta de salas populares na periferia, o processo de distribuição do cinema independente não acompanha a efervescência de sua produção.
Por vezes a internet é uma saída, porém esta não é tão adepta da linguagem cinematográfica e também é influenciada pelo poder financeiro, por exemplo, na quantidade de visualizações de um vídeo. Os festivais são outra opção, mas ainda não se abriram muito para o cinema de guerrilha e costumam ter preferência pelas figuras carimbadas.
O jeito foi virar exibidor, o que não deixa de ser uma excelente formação para os coletivos, já que participam desde a gravação até a distribuição de seus filmes: cineclubes, mostras, encontros. O acesso aos equipamentos de projeção é outro fator que proporciona um caminho para distribuição das produções independentes.
É nesse contexto que nasceu na cidade de Guarulhos o "Cineclube Incinerante". Formado por diferentes grupos autônomos do audiovisual, o projeto já carrega um nome forte e tem o intuito de incendiar a forma como é feita a distribuição de filmes pela grande indústria e criar uma alternativa diversa daquela defendida pelo mercado. A proposta é que se rode tanto grandes clássicos como as produções que os organizadores e parceiros vêm fazendo.

(Primeira exibição rodou clássico de Zé do Caixão)
Além de espaço autônomo de exibição, o Cineclube Incinerante começa como uma reunião de produtores independentes e pessoas interessadas pela arte cinematográfica, um local de discussão e de troca de experiências.
A princípio realizado todo último sábado do mês de forma itinerante, contou com a primeira exibição no final de outubro. O histórico filme de Zé do Caixão “Há meia-noite encarnarei tua alma” foi um mergulho pelo terror trash brasileiro, a boca do lixo e pelo cinema popular.
No último sábado de novembro, dia 28/11, ocorrerá a segunda exibição com curtas feitos por cineastas guarulhenses. Entre eles, o nosso "Contravenção", obra que vem rodando por aí há algum tempo
O Coletivo Companhia Bueiro Aberto agradece o convite e se dispõe a somar nessa ideia que com certeza trará bons frutos para o nosso cinema.




Confira abaixo o "Manifesto do Cineclube Incinerante":

Caros amantes da sétima arte,

1. A vocês oferecemos o nosso cineclube, de nome Incinerante, que nasce do fervor de cinéfilos e produtores independentes e da necessidade de espaços para discussões sobre o cinema. Vivemos em tempos que a relação do público com os filmes atingiu um paradoxo: a modernidade facilitou o acesso a eles de forma excepcional. Por outro lado, nunca nos foi tão negligenciado lugares para que possamos debate-los.

(Leitura do Manifesto na estreia do projeto)
2. Assistimos nas últimas décadas uma elitização dos pontos de exibições de filmes. Os cinemas de rua são cada vez mais raros, enquanto se proliferam as salas dentro de shopping centers, todas elas, com raríssimas exceções, controladas direta ou indiretamente pelas grandes produtoras internacionais. Nesse grande local de venda de mercadorias, os mercadores da arte tratam o filme como mais um produto vulgar. O cinema nacional e, principalmente, o cinema independente ficam cada vez mais sem espaços. O público cinematográfico é submetido a uma produção homogeneizada. Perde o espectador, o cinéfilo, o produtor independente. Em resumo, perde o cinema.

3. O Cineclube Incinerante busca fugir dessa lógica da arte enquanto produto comercializável do circuito exibidor vigente pela maioria das salas do país. Procura democratizar o acesso ao espectador proporcionando exibições gratuitas e lhe dando voz, tornando-o parte fundamental para o espetáculo. Em nossas atividades haverá a descrença do dito “arte pela arte”, pois acreditamos que ela não acaba em si mesma, e sim que se estende ao pós-filme através das discussões geradas a partir das percepções dos espectadores. Esses, que desejamos que seja o público mais diversificado e democrático possível, trazendo suas vivências em diferentes contextos políticos e sociais para fomentar ainda mais o debate.

4. Com o anseio da descentralização de espaços culturais (privados e públicos), o Cineclube vem com a proposta de ser itinerante. Assim como o cinema trata-se de imagem em movimento, o Cineclube também seguirá esse pensamento com sua itinerância pela cidade, ocupando diferentes pontos de Guarulhos.

5. Por tudo isso o Cineclube Incinerante, assim como o movimento cineclubista de uma forma geral, é sempre um movimento de resistência; um contraponto ao atual modelo de exibição e distribuição de filmes. Criando uma forma de distribuição onde aqueles que não possuem espaço ou voz dentro do grande circuito exibidor sejam contemplados.

6. Anuncia-se um momento de efervescência cultural em nosso meio. Mais do que nunca é válida a velha divisa de: “Liberdade para poder realizar a criação artística. E criação artística para obter a liberdade”. Consideramos este projeto mais uma de tantas iniciativas em defesa de uma arte independente. E sendo assim, chamamos todos os artistas, espectadores de cinema, cinéfilos, cineastas, produtores independentes a se juntarem a esse processo que se inicia.


Guarulhos, 31 de outubro de 2015


                                                 (Matéria escrita pelo cineasta Daniel Neves)




quinta-feira, 5 de novembro de 2015

2 curtas da bueiro aberto estreiam nesse sábado


Nesse sábado, dia 07/11, dando continuidade a Mostra Marginal de Curtas no Sarau Carolina, a Companhia Bueiro Aberto tem o orgulho de estrear dois curtas quentinhos que acabaram de sair do forno. Ambos, assim como a mostra, são parcerias feitas com o Jornal Dialética  e foram inspirados em dois livros publicados pelo Selo independente do coletivo. Um Verso na Maquinaria foi dirigido por Diogo Fonseca e Transmutação por Renato Queiroz, curtas experimentais que se fiaram muito na improvisação do set de gravação.


UM VERSO NA MAQUINARIA

Numa releitura do livro "Um Verso na Maquinaria" do cineasta e escritor Daniel Neves, o curta homônimo foi feito no gênero documentário e surgiu de uma experimentação cinematográfica. Sem roteiro prévio além de um rascunho mínimo, o filme se construiu no próprio processo de produção. Diogo Fonseca e Daniel Neves percorreram diversos ambientes da cidade de Guarulhos e foram gravando o que pedia o momento, concepção que persistiu na montagem.

No fim, temos a figura do poeta na cidade refletindo o império das máquinas, a multidão solitária que move seu livro com a pergunta principal sempre de pano de fundo: é possível existir poesia em meio ao caos urbano atual?

Mas além disso, ele conta na sua biblioteca como começou a escrever, quais são suas influências e o que caracteriza sua poesia. Já na boemia do bar, coloca questões acerca do novo movimento de literatura marginal que toma conta das periferias urbanas do qual se sente parte integrante, seu gosto pela poesia popular.

Trechos de poesias, declamações, a figura do violeiro Diogo Fonseca que observa a cidade do alto da montanha com suas músicas que representam os conflitos do poeta.

"Um verso na maquinaria" narra a esperança da poesia resistir e se fazer mesmo cerceada pelo concreto frio. Como diz Daniel, é a metáfora de Carlos Drummond de Andrade, é a flor que nasce no asfalto.

CURTA METRAGEM: 14 min.
DIREÇÃO: Diogo Fonseca


TRANSMUTAÇÃO

Adaptado do livro "Rabiscos Surrados" de Renato Queiroz, no gênero de ficção, o curta "Transmutação" também traz fortes elementos de um cinema mais espontâneo, aberto ao desenrolar da produção. 

Como no poema homônimo, nos deparamos com a história de um homem perdido entre o vazio completo (expresso na direção de arte que moldou um espaço solitário e na fotografia que trabalhou a escuridão claustrofóbica e a expressividade da personagem) e a libertação completa no seu ato violento de sair daquele lugar. De preso, vendado, nu, ele vai desfrutar sem medo do novo ser que é.

Marcado pela estreia no cinema do excelente ator Warley Noua, o curta é um marco no diálogo que a Bueiro Aberto vem tendo com a literatura, dessa vez, procuramos deixar a palavra um pouco mais de lado e trabalharmos firmemente na linguagem cinematográfica das imagens. Sem a necessidade de o poema  estar ali o tempo todo para explicar o que se passa. 

CURTA METRAGEM: 5 min.
DIREÇÃO: Renato Queiroz
ATUAÇÃO: Warley Noua






O poeta Daniel Neves mostra os cadernos onde começou a escrever



Transmutação marca a estreia de Warley Noua no cinema

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Mostra Marginal de Curtas exibirá curta pernambucano e clássico da Bueiro Aberto


Nesse sábado, 03/10, a Mostra Marginal de Curtas no Sarau Carolina, dessa vez no Espaço Arranca, mantém sua tradição e exibirá curtas independentes fora do circuito comercial.


MALUNGUINHO

O primeiro curta a ser exibido é atual e foi feito no estado de Pernambuco. Com forte veia poética e a participação mais que especial do escritor Miró da Muribeca, Malunguinho, de Felipe Peres Calheiro, conta a história de um escravo que liderou o quilombo de Catucá, nos arredores de Recife, no início do século XIX. Apesar de ter sido assassinado em 1835, ainda hoje é cultuado pelos praticantes da Jurema Sagrada, religião de matriz indígena com influências africanas no nordeste do Brasil.

Com a mistura frenética entre ficção, um pouco de documentário e poesia, a fotografia nos insere no contexto dos canaviais pernambucanos e do sofrimento do povo negro com planos que misturam a escuridão da mata e a luz do fogo das queimadas. Sentimos a peculiaridade regional também através do áudio que nos faz estar dentro da natureza, o som dos rios e do fogo.

Um retrato da resistência e da repressão presentes na história do Brasil.

DIREÇÃO: Felipe Peres Calheiro



QUEM MATOU A EDUCAÇÃO DE SÃO PAULO?

Num momento em que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, em mais um dos seus ataques à educação, decide fechar escolas e piorar o que já está muito ruim devido à sua péssima gestão, vamos rodar um curta feito pela Companhia Bueiro Aberto, numa parceria com o espaço Cultural Mané Garrincha, em meio à greve deste ano dos professores estaduais, que participaram da produção cinematográfica.

Num suspense policial, "Quem matou a educação de São Paulo?"fala de um delegado que investiga o assassinato da educação paulista através de um interrogatório com a professora Maria no intuito de conseguir elaborar um retrato falado do assassino. Aos poucos, a descrição vai sendo feita até que finalmente achamos o culpado. E adivinhem só, quem é o bandido?

O curta foi gravado no processo de greve e feito de forma espontânea e experimental.

DIREÇÃO: Caio Fiumari








O poeta Miró da Muribeca como narrador do curta Malunguinho










quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Filmes da Bueiro Aberto serão exibidos no Instituto Federal (SP) nessa quinta

Nessa quinta-feira, dia 24/09, durante a Semana de Tecnologia do IFSP, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de SP, entre diversas atividades culturais, rolará exibição tripla de filmes produzidos pela Companhia Bueiro Aberto. E ainda haverá debate com os diretores Daniel Neves e Renato Queiroz que falarão um pouco sobre as obras. Grande satisfação apesentar com tanta amplitude parte da nossa produção e excelente oportunidade de difusão do cinema independente e periférico.

Os filmes exibidos serão:

CONTRAVENÇÃO (15 min. 2015): a história de Fernando e Teresa na luta para se libertarem da imposições da sociedade do trabalho

NUMA RODA DE CHORO (32 min. 2015): documentário que retarta uma roda de choro que ocorre na periferia de Guarulhos

BAMBA DE VILA (30 min 2015): documentário sobre sambistas anônimos do JD. Tranquilidade, Guarulhos


HORÁRIO: 19: 30 hrs.
LOCAL: Teatro do IFSP, Rua Pedro Vicente, 625 - Canindé, SP, próximo ao Shopping D e do metrô Tietê
DATA: 24/09, quinta-feira







Numa Roda de Choro foi gravado na periferia de Guarulhos com
diversos músicos populares. Feito logo depois de Bamba de vila,
é mais um marco do nosso interesse pela cultura popular.




Contravenção foi nossa primeira ficção propriamente dita. Com cenas
na periferia,  no centro e no parque Bosque Maia, o filme narra a
luta de Fernando e Teresa para escaparem da rotina do trabalho,
o que pode ser um crime grave.



sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Mostra Marginal de Curtas exibirá 2 novas produções


Como já é de praxe, a Mostra Marginal de Curtas no Sarau Carolina, organizada pela Companhia Bueiro Aberto em parceria com o Jornal Dialética, volta a exibir dois curtas independentes.

O primeiro é a estréia na direção do poeta e ator Juliano Lourenço, que também lançará um livro no dia. Nas palavras do diretor, o "Da violência que a gente deseja" surge da dialética proposta pelo próprio título: Poderia haver uma violência desejável? Explorando o desejo dentro do caos das cidades e o ponto de vista estereotipado em que esse é colocado, pondo em xeque o mundo das aparências, o curta é como uma pedra silenciosa quebrando os espelhos da sociedade, há um desfecho inusitado que nos leva a refletir acerca do que é imposto em nossas vidas e da possibilidade de ruptura desses pressupostos. Provocada a partir da demonstração de afeto/carinho e da quebra dos padrões consumistas, estes que fabricam humanos semelhantes a máquinas, pessoas sem quaisquer reações sensíveis ao meio que os cerca.

Duração (6 min.)
Ano (2015)


O segundo curta a ser exibido é "Mono", produzido por jovens estudantes de cinema parceiros e dirigido por Yudji Oliveira, a obra se constitui como um experimento cinematográfico baseado no cotidiano tedioso e monótono. Há um retrato da rotina urbana escrachada por seus ruídos desconexos.

Duração (5 min.)
Ano (2015)


Sábado agora, não percam:







(Trecho do curta "Da violência que a gente deseja", de Juliano Lourenço)





quarta-feira, 26 de agosto de 2015

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Contravenção será exibido na Semana do Audiovisual da Universidade Anhembi Morumbi


Nessa segunda semana de agosto ocorrerá, na Semana do Audiovisual da Universidade Anhembi Morumbi, a exibição do curta "Contravenção", primeira ficção da Companhia Bueiro Aberto feita em co-produção com a Barreto Filmes. O evento contará com debates, oficinas, palestras e a Mostra de Curtas SAUAM, é organizado pelo curso de cinema da mesma universidade. espaço ideal para cinéfilos e amantes da sétima arte em geral.

"Contravenção" foi filmado na cidade de Guarulhos com cenas realizadas pelas ruas da periferia, do centro, no ônibus, numa locação interna e no conhecido parque "Bosque Maia". Foi a primeira ficção que adentramos sem medo. Os produtores cinematográficos sabem que por mais que todos os gêneros sejam difíceis, a ficção, em última instância, é mas complicada que o documentário por envolver atuação, direção de arte, enfim, todo um aparato completamente criado pela equipe. Fazer isso sem recurso é um trabalho árduo, mas que compensa.

Foram cerca de 5 meses entre pré-produção, set de gravação e montagem final até termos concluído a obra. O curta conta a história de Fernando e Teresa, dois jovens trabalhadores da periferia saturados com o cotidiano do trabalho, com o caos da cidade onde as pessoas são como robôs programados para seguir o que manda o mundo do dinheiro.

Como escapar? Como podemos ter um momento sem utilidade para a lógica do lucro? Nessa sociedade capitalista, qualquer forma de escape se torna um crime. Eis aí a contravenção em que Fernando e Teresa se metem. Rejeitar a ordem do trabalho, descumprir as regras se torna um crime. E é justamente esse crime que move toda a trama. A desobediência de ambos pode ser tanto um ato de extrema violência como o assassinato e o canibalismo como a simples vontade de respirar o ar da natureza ou faltar um dia no trabalho.

Com fortes referências no cinema surrealista de Luis Buñuel (relação entre desejos e psicanálise), cinema pernambucano e cinema marginal, além da literatura de Kafka, o filme dá preferência para planos psicológicos numa fotografia focada nas expressões faciais das personagens, com a mistura da câmera estática no tripé e em movimento na mão. A trilha sonora, criada originalmente pelo músico Diogo Fonseca, segue esse caminho.

É nessa quarta, dia 12/08, a partir das 15:30, exibição do curta "Contravenção" na Semana de Audiovisual da Universidade Anhembi Morumbi, campus Mooca. O evento é gratuito e contará com exibições de curtas do mundo inteiro.

Confira a programação completa em: https://www.facebook.com/events/1416124038717568/




Trailer



Gravação no parque "Bosque Maia"

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Mostra Marginal de Curtas exibirá curta sobre Pagu e mini-doc atual


Nesse sábado, 01/08, a Mostra Marginal de Curtas no Sarau Carolina (organizada pela Companhia Bueiro Aberto em parceria com o Jornal Dialética) mantém sua programação mensal e sua tradição de exibir obras clássicas e atuais. O primeiro curta a ser exibido (Eh, Pagu eh!) é de 1982 e o segundo (Solidão) é de 2008.


EH, PAGU, EH!

Escritora, militante, antropofágica, revolucionária, são alguns dos adjetivos usados no curta "Eh, Pagu, eh!" para descrever umas das figuras mais impactantes da cultura brasileira, Patrícia Galvão, a Pagu. Desde muito cedo, ela não aceitou seguir os padrões impostos pela sociedade, se juntou com modernistas e propôs uma nova estética literária, participando de debates, escrevendo uma literatura combativa. Mas não foi apenas na escrita que ela se atreveu a criar, percorreu o teatro, o jornalismo, a crítica de arte, se aventurou pela vida política. Apesar de não participar da Semana de 22, quando só tinha 12 anos, suas ideias foram fundamentais na construção da proposta do movimento modernista brasileiro.

Como militante do PCB, se envolveu em greves e manifestações, sendo presa mais de uma vez pela ditadura vargas, torturada, perseguida, rompeu com o PCB, mas se manteve na militância política, sobretudo na defesa dos pressupostos feministas. Mulher, artista e lutadora, Pagu foi capaz de sonhar com outra sociedade, sempre de forma explosiva, visceral, na ousadia que marcou sua trajetória, rompendo preconceitos e ultrapassando barreiras

Casou-se com o também modernista Oswald Andrade, com quem teve uma relação intensa entre altos e baixos.

No estilo documentário, mas com passagens pela ficção, vemos a vida e obra da autora num filme que não se pretende jornalístico e somente informativo, a narração dos acontecimentos, o acervo de arquivos, a encenação são um mergulho pelo furacão Pagu, seus extremos, sua utopia, sua arte.

Nada tão propício para o Sarau Carolina do que relembrar pelo cinema uma artista desse porte.  O nome "Eh, pagu, eh!" é inspirado no poema de Raul Bopp:

Pagú tem uns olhos moles
uns olhos de fazer doer.

Bate-coco quando passa.
Coração pega a bater.
Eh Pagú eh!
Dói porque é bom de fazer doer 


DIREÇÃO: Ivo Bueno
ANO DE PRODUÇÃO: 1982 
DURAÇÃO: 15 min.


SOLIDÃO

"Solidão" é um curta contemporâneo que adentra as perspectivas de um jovem anônimo sobre a existência, a morte, o universo... Um indivíduo que não tem nada de especial e por isso mesmo tem tudo, sua singularidade. É incrível como através do depoimento espontâneo percorremos temas tão profundos para o pensamento humano. Por trás de todas as divagações advindas da conversa, mora a solidão do personagem, consigo mesmo ele tem sua concepção sobre o mundo que aí está. Na verdade, existe um mundo dentro dele, desvendado pelo cineasta. A solidão dele reflete a solidão social que está tão presente nos tempos atuais.

A fotografia parece confusa, mas é justamente essa confusão que expõe a coerência dos planos, boa parte detalhes do corpo e da cidade, exemplo do rosto visto pela metade. É como se a câmera fosse lá dentro do mundo criado pelo jovem, propondo a experimentação que vai se fazendo até construir a unidade cinematográfica. Soma-se isso à trilha sonora frenética e instigante que em nenhum momento cessa de tocar.

Podemos pensar: o que levou o diretor (que é também roteirista, câmera e editor) a procurar esse menino? Nos últimos anos, o documentário brasileiro tem tomado novos contornos, se abrindo para temáticas não tão lógicas e fechadas, com entrevistados que não são necessariamente autoridades nesse ou naquele assunto. Em certas obras, a pessoa que fala não é tão real quanto parece, é um ator interpretando seu papel, o que ocasiona interessante mistura entre ficção e documentário. Seria o entrevistado de "Solidão" um ator, não saberemos, nos deparamos com o monólogo de um estranho e solitário personagem. Comum e louco, visionário e normal.

DIREÇÃO: Ciro Maccord
ANO DE PRODUÇÃO: 2008
DURAÇÃO: 5 min.






Frase da revolucionária Patrícia Galvão, sua posição política é enfatizada no curta de "Ivo Bueno"




Trecho do curta "Solidão", a fotografia de planos detalhes se encaixou muito bem na proposta de retratar a solidão de um jovem

segunda-feira, 20 de julho de 2015

"Numa roda de choro" terá exibição no Espaço Garrincha nesse sábado


Do nossa relação com as diversas manifestações culturais da periferia, nas quais participamos, veio a ideia de começar a retratá-las no cinema. Além de um filme experimental sobre samba (Bamba de Vila, já lançado), fizemos um sobre viola caipira e nordestina, mais trabalhado (Viola Urbana, em processo de montagem) e outro sobre choro. "Numa Roda de Choro" terá exibição esse sábado no Espaço Cultural Mané Garrincha, em Sp.

O filme surgiu do contato com Luis Macambira, pertencente a uma tradicional família de choro, há anos ele usa seu quintal para reunir artistas populares numa roda descompromissada. Diversos clássicos do choro e do samba são relembrados entre cervejas, petiscos, risadas, discussões. São amigos que gostam de música boa. E isso é o que os move.

Antes a roda era composta pela velha guarda da família Macambira: os tios de Luis, que tocaram com grandes nomes da música brasileira como Arauto Santos e Paulo Vanzollini, costumavam juntar artistas de peso no seu quintal. A nova geração não deixou de lado e assumiu o posto, outros nomes passaram a marcar presença e mantém viva a roda que ocorre praticamente toda semana no bairro Inocoop, cidade de Guarulhos, grande SP.




Roda de choro na casa de Luis Macambira em 2002


Quando chegamos para as filmagens, trazíamos na bagagem, além do gosto pela cultura da quebrada, as referências do cinema novo, sobretudo de Leon Hirszman, que fez diversos filmes sobre cultura popular, a câmera na mão foi nossa proposta estética principal, a lente estaria lá dentro da roda, como mais uma participante do processo.

Luis Macambira, com seu gênio forte, já saiu dizendo "- Pode filmar essa bagaça que aqui é nóis, música boa é o que não falta!" E já mandou descer uma cerveja pra equipe, apresentou um cara do bandolim: "- Esse é bom!", tomou uma dose de cachaça e relembrou histórias dos discos gravados pelos seus antepassados. Depois nos alertou " - Quero ver o que você vai editar, vê cê não coloca todas as merdas que a gente fala!" Após algumas gargalhadas, expliquei que o roteiro era livre, entraríamos na roda, às vezes com algumas perguntas, mas dispostos a filmar o que fosse acontecer e que não precisava se conter, o filme pedia a liberdade daquele encontro. Estávamos em casa e tínhamos a certeza de que ali se unia a música e o cinema.

Gravamos 8 horas de arquivos que viraram 32 minutos. Para nossa grata surpresa, além das peças de variados compositores, a roda virou um acirrado debate acerca da identidade cultural brasileira, as influências que permeiam nossa música, a relação com o processo histórico, a mídia... Enquanto a cerveja continuava na mesa e a alma nas mãos.

No processo de montagem, ainda criamos a figura de um poeta boêmio pra homenagear a beleza do choro: "O meu choro desaguou numa roda de choro, fiz do samba meu coro, nas cordas do batuque, na batida do violão, toca meu consolo, minha canção".

Produzido pela Companhia Bueiro Aberto em co-produção com a Barreto Filmes, a película foi feita sem recursos e de forma totalmente independente. Teve sua estreia na própria casa de Luis Macambira e agora será exibido no Espaço Garrincha,

DATA: 25/07, Sábado
HORÁRIO: 19 hrs.
LOCAL: Espaço Cultural Mané Garrincha
ENDEREÇO: Rua Silveira Martins, 131, sala 11, Sé (próxima à saída pelo poupatempo do metrô Sé)






ROTEIRO E DIREÇÃO: Daniel Neves
PRODUÇÃO: Diogo Fonseca
DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA: Jimmy Andrade
MONTAGEM: Daniel Neves
EDIÇÃO: Ton Neves

ANO DE PRODUÇÃO: 2015
DURAÇÃO: 32 minutos

TEXTO ESCRITO PELO DIRETOR DANIEL NEVES

terça-feira, 30 de junho de 2015

Mostra Marginal de Curtas exibirá mais duas produções guarulhenses


No próximo sábado, 04 de Julho, a Mostra Marginal de Curtas no Sarau Carolina, organizada pela Companhia Bueiro Aberto em parceria com o Jornal Dialética, mantém sua tradição de exibir produções guarulhenses em mais de 1 ano de estrada (com 26 curtas apresentados), entre clássicos como Glauber Rocha, Jean Luc Godard e obras atuais periféricas e locais.


O SEXTO SENTIDO DO MUNDO

O primeiro curta a ser exibido é a estréia do mais novo vídeo-poema da Companhia Bueiro Aberto, "O sexto sentido do mundo", baseado no livro homônimo do poeta Júnior Bezerra, publicado pelo Selo Jornal Dialética. Seguindo nossa mistura de cinema e literatura, o curta adentra a crise existencial que caracteriza a poesia em questão e que é recorrente na escrita do autor, o conflito com a sociedade, o mundo, a poesia, consigo mesmo, tendo forte raiz nos textos de Carlos Drummond de Andrade.

Filmado no Lago dos Patos, ponto com relevante natureza na cidade de Guarulhos, observamos o poeta em contato com as árvores, as flores, o lago, e, por outro lado, com o concreto, as ruas, os muros, os carros, numa mistura que reflete a contradição expressa nos versos. Como se o mundo tivesse um sexto sentido, criado pela poesia e pelo cinema, a arte que pulsa, que se incomoda, que vive...

Porém, essa união entre palavra e imagem só se completa com a presença da música, formando uma tríade integrada, o som suave que o poeta pode contemplar e refletir com seus versos. O violão de Diogo Fonseca (já presente em outros vídeos-poemas da Companhia Bueiro Aberto) se junta à gaita do poeta e músico Giba Loreto (Jornal Dialética), como diziam os antropófagos: "A salada está pronta".

DIREÇÃO: Daniel Neves e Diogo Fonseca


SE A CIDADE PARAR

O segundo curta é uma super-produção nos moldes marginais, "Se a cidade parar" reúne diversos artistas da cidade de Guarulhos em cenas de manifestação, repressão policial, trânsito, exploração do trabalho. Tudo isso feito sem recurso, através da improvisação e da criatividade do cinema independente, como na cena da manifestação em que a falta de atores obrigou a se optar por planos mais fechados que dão à impressão desejada de uma multidão.

Mas não se engane se acha que encontrará um curta-metragem com história linear, classificado no gênero da ficção, "Se a cidade parar", antes de qualquer coisa, é um clipe da banda guarulhense "Carbônica". Mas traz a caracterização estética de outros clipes dirigidos por André Okuma, um deles, inclusive, exibido na Mostra Marginal de Curtas do ano passado. Sua preferência por trazer a marca do cinema rompe com a estrutura fechada dos vídeo-clipes comerciais e tradicionais. A roteirização cinematográfica permite que a música esteja em diálogo com a história, não se trata apenas de uma tradução da música, mas da criação de algo novo que a complementa e a afirma na proposta audiovisual. Talvez um "curta-clipe".

DIREÇÃO: André Okuma










O sexto sentido do mundo

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Democracídio terá exibição em Recife


Há cerca de dois anos começamos a rabiscar o projeto de Democracídio. Gostávamos de cinema e o víamos como uma voz de crítica social, gravávamos esporadicamente, mas mesmo assim nos veio a nada pretensiosa ideia de começar com um longa-metragem, ainda mais sobre tema tão amplo. Depois de idas e vindas, arriscamos, descobrimos as funções da câmera, as atribuições de uma equipe, tudo na prática da filmagem sem ter tido qualquer curso ou experiência num set profissional.

A proposta era de debater a democracia no Brasil a partir de movimentos autônomos e radicais, fora do aparato politico tradicional. Tais movimentos estiveram na linha de frente das manifestações de Junho de 2013, em SP, incluindo um professor, um cineasta e um rapper-escritor.




Entrevista com o professor de filosofia Edson Teles, ex preso-político


Apesar da nossa ferrenha oposição ao tipo de democracia que vivemos, colocamos tanto a visão dos que acham o modelo uma pura e simples ditadura como aqueles que dizem ser uma democracia autoritária. De qualquer forma, o ponto central é que a democracia se mostra com uma aparência, uma máscara que esconde a violência cotidiana contra o povo da periferia. O governo do povo que ataca seu próprio povo. Ao longo do processo, descobrimos como a própria democracia poderia ser, de certa forma, uma alternativa, a ideia de democracia popular, horizontal, diversa da que está aí.




Entrevista com o Coletivo Perifatividade, periferia de SP


Além do tema polêmico, tínhamos em mente a defesa do cinema de quebrada, que discutisse esteticamente os gêneros cinematográficos. Por isso, mesclamos depoimentos com montagens de arquivo e cenas de ficção. Surgiu o deputado Carlos Magno e o jornalista Orlando Maquiavel, figuras sarcásticas do poder dominante. Apareceu um poeta que propôs fazer um filme contra a violência, a câmera virou arma tirada da cintura. No fim, Glauber Rocha levanta uma politica libertária na época em que o Brasil vivia a abertura para a suposta democracia. 



Deputado Carlos Magno conversa com Orlando Maquiavel antes do início do programa


Foram muitas batalhas, sem qualquer recurso, conseguimos finalizar "Democracídio". Por curiosidade, o filme estreou na época das eleições, uma intensa polarização política que, como está na película, reflete dois lados da mesma moeda. Na imposição dos que mandam aos que obedecem, PT e PSDB cumprem idêntico papel, servem aos mesmos grupos que permanecem no poder em toda história do Brasil.

Pecamos na difusão, outro lado do cinema que descobrimos, a dificuldade de distribuição. Contudo, o filme foi exibido no III Festival Internacional de Filmes Anarquistas de São Paulo. A boa recepção rendeu frutos e o filme foi um dos selecionados para a Mostra Itinerante do Festival na cidade de Recife.

Nessa sexta-feira, 12/06, Democracídio será exibido no primeiro dia da Mostra. O Festival é a prova de que o cinema independente pode sobreviver à grande mídia.

http://heyevent.com/event/d6eqdivxhlpdwa/mostra-internacional-de-filmes-anarquistas-itinerancia-do-festival-anarquista-e-punk-de-sp




quarta-feira, 29 de abril de 2015

Pré-estreia do primeiro curta de ficção da Companhia Bueiro Aberto

Nesse sábado, em mais um Sarau Carolina que desta vez será no SALAB, um novo espaço cultural da cidade, na Mostra Marginal de Curtas, vai rolar a pré-estreia do primeiro curta de ficção da Companhia Bueiro Aberto, feito totalmente em e por pessoas de Guarulhos!

Fernando é um indivíduo preso às imposições do trabalho. Carrega diariamente o conflito entre ter de seguir às obrigações e realizar seus desejos. Dentro dele, mora um vulcão prestes a entrar em erupção, mas por fora mantém a máscara social e não reclama. Teresa tem uma vida difícil e assim como Fernando se dedica firmemente ao seu emprego. Juntos, os dois decidem escapar da dura rotina. Para tanto, têm de cometer um crime, uma contravenção que pode tanto ser o maior exemplo de violência como o mais simples ato de negar o que os prende. Primeira ficção da Companhia Bueiro Aberto, com a Co-produção de Barreto Filmes, o curta traz referências fortes do cinema surrealista de Luis Bunuel e do cinema pernambucano.




quarta-feira, 15 de abril de 2015

Estreia de "Numa Roda de Choro", mais novo filme da Companhia Bueiro Aberto


Em um bairro qualquer, periferia, algumas pessoas, de forma não combinada, se reúnem cotidianamente numa roda de choro. Esse é o mote do novo filme da Companhia Bueiro Aberto, realizado na casa de Luis Macambira, na cidade de Guarulhos, grande SP. O que se pode  esperar? Só sabemos quando começa a roda e o bandolim passa a cantar com o violão.
            “Numa roda de choro” vai de um momento de confraternização à uma discussão acirrada sobre cultura popular, nacional, erudita, industrial, ao conceito de música e sua resistência, à história do povo brasileiro, suas raízes e matizes. E tudo isso com a cerveja na mesa e a alma nas mãos. Chorões anônimos se juntam numa roda que mantém viva a chama da cultura popular, retomam grandes clássicos do choro como João Pernambuco e Garoto, batem um papo, divergem, comemoram a arte feita do coração.
            Com a influência do cinema novo e do filme “Partido Alto” de Leon Hirszman, a preferência pela câmera na mão propõe a dinâmica da humanização no olhar da lente e a formação de certa montagem no ato mesmo de filmar.      

Há ainda a figura do Poeta da Noite, boêmio e cantador dos seus chorinhos em versos, que coroa a união entre o toque dos instrumentos e a poesia.

ROTEIRO E DIREÇÃO: Daniel Neves
PRODUÇÃO: Diogo Fonseca 
DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA: Jimmy Andrade
EDIÇÃO: Ton Neves


Mostra Marginal de Curtas arrebentou na Casa das Rosas

No último sábado, dia 11, a Mostra Marginal de Curtas no sarau Carolina foi na Casa das Rosas, em SP. E de quebra, exibimos duas produções guarulhenses para um grande público. "Uma flor nasceu no Esgoto", nosso primeiro curta e o já conhecido "O voo da borboleta", uma ficção totalmente feita em Guarulhos!







segunda-feira, 6 de abril de 2015

Mostra Marginal de Curtas na Casa das Rosas exibirá produções guarulhenses


Nesse sábado, dia 11, o Sarau Carolina foi convidado a se apresentar na Casa das Rosas, importante pólo cultural da capital paulistana. E como não poderia deixar de ser, a Mostra Marginal de Curtas (organizada pela Companhia Bueiro Aberto em parceria com o Jornal Dialética) estará presente. E o mais gratificante, serão exibidos dois curtas independentes produzidos por artistas guarulhenses, cineastas a margem que mesmo sem o apoio do poder público local mantém acesa a chama da sétima arte.

Um é o nosso primeiro curta-metragem: "Uma flor nasceu no esgoto" mistura poesia marginal, crítica social e cinema de quebrada numa salada antropofágica que tem como resultado uma arte que violenta, não permitida em horário nobre, com imagens contundentes da periferia e dos problemas políticos. Como diz o poema final: Cansei! É o grito do periférico saindo da sarjeta.

Não menos contundente, o segundo curta que será apresentado foi dirigido por André Okuma, com o roteiro de Renatta Silva,  é uma das mais importantes produções da cidade e reúne diversos artistas locais entre elenco e equipe: "O voo da borboleta" conta a história de Heloísa, uma jovem artista plástica que mora com seu namorado Abelardo, mas que deixa sua arte de lado trabalhando em um emprego formal e convencional para poder pagar suas contas. Abelardo começa a enfrentar problemas psicológicos, mas a paixão de Heloísa por ele faz de sua jornada - dura passagem por uma vida imóvel e limitada - surgir tão bela a liberdade.

Só chegar que é tudo nosso!



domingo, 5 de abril de 2015

Mostra Marginal de Curtas exibe Miró e Trailer da Bueiro Aberto


Em mais uma exibição da Mostra Marginal de Curtas, no mês de abril, rolou dois curtas. Um é o trailer da primeira ficção da Companhia Bueiro Aberto, Contravenção, que estreará em breve. O curta de 15 minutos conta a luta de Fernando e Teresa para escaparem da rotina do trabalho.

O outro curta foi "Miró, preto, pobre, poeta e periférico", não tem filme mais apropriado para o Sarau Carolina. Dirigido por Wilson freire, produzido por Cabra Quente Filmes, o curta-documentário conta a trajetória do poeta recifense João Cláudio Flávio Cordeiro da Silva, o "Miró". É uma daquelas misturas entre poesia e cinema que encanta. Além de depoimentos sobre a vida, a poesia e o universo, há intervenções do escritor recitando seus versos pela cidade de Recife, onde sentimos o ar poluído do ambiente urbano e suas injustiças sociais. Miró é conhecido pelas suas performances que dão fôlego às palavras.