quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Contravenção será exibido nesse sábado em Guarulhos


Contravenção, curta de ficção da Companhia Bueiro Aberto, será exibido nesse sábado na cidade de Guarulhos juntamente com diversos outros curtas de cineastas guarulhenses. A exibição é parte do projeto Cineclube Incinerante.







segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Saudações ao Cineclube Incinerante


"No mês de outubro, se iniciou na cidade de Guarulhos, o Cineclube Incinerante"


É certo que o aumento do acesso a equipamentos proporcionou a possibilidade de se fazer cinema mesmo sem recursos e sem pertencer a uma classe social específica. A geração dos últimos 15 anos presenciou a expansão de produções pelo Brasil afora.
Com disposição, prática, criatividade é possível sim fazer um filme. Prova disso são os diversos curtas, documentários, longas que vem nascendo principalmente nas periferias.
Esse ano, por exemplo, a Companhia Bueiro Aberto, entre parcerias com produtoras e coletivos, produziu 11 filmes, estamos inclusive preparando um artigo nesse blog sobre nosso cotidiano de roteiros, pré-produções, sets de gravação, montagem, finalização.
E não somos os únicos na cidade de Guarulhos, coletivos novos e obras vem compondo a cena e o cinema vai se ampliando na cidade. Esse foi o tema de matéria publicada pela revista guarulhense Wekkend no mês passado.
Todavia, nos deparamos com um problema que aflige produtores do país todo: fazemos os filmes, mas e depois? Trazendo a experiência citada acima, nós da Bueiro Aberto enxergamos esse empecilho cotidianamente, como fazer com que nossas películas cheguem ao público? Diante das poucas salas de exibição dominadas pelo enlatado americano, de uma rede de televisão monopolizadora e colonizada e da falta de salas populares na periferia, o processo de distribuição do cinema independente não acompanha a efervescência de sua produção.
Por vezes a internet é uma saída, porém esta não é tão adepta da linguagem cinematográfica e também é influenciada pelo poder financeiro, por exemplo, na quantidade de visualizações de um vídeo. Os festivais são outra opção, mas ainda não se abriram muito para o cinema de guerrilha e costumam ter preferência pelas figuras carimbadas.
O jeito foi virar exibidor, o que não deixa de ser uma excelente formação para os coletivos, já que participam desde a gravação até a distribuição de seus filmes: cineclubes, mostras, encontros. O acesso aos equipamentos de projeção é outro fator que proporciona um caminho para distribuição das produções independentes.
É nesse contexto que nasceu na cidade de Guarulhos o "Cineclube Incinerante". Formado por diferentes grupos autônomos do audiovisual, o projeto já carrega um nome forte e tem o intuito de incendiar a forma como é feita a distribuição de filmes pela grande indústria e criar uma alternativa diversa daquela defendida pelo mercado. A proposta é que se rode tanto grandes clássicos como as produções que os organizadores e parceiros vêm fazendo.

(Primeira exibição rodou clássico de Zé do Caixão)
Além de espaço autônomo de exibição, o Cineclube Incinerante começa como uma reunião de produtores independentes e pessoas interessadas pela arte cinematográfica, um local de discussão e de troca de experiências.
A princípio realizado todo último sábado do mês de forma itinerante, contou com a primeira exibição no final de outubro. O histórico filme de Zé do Caixão “Há meia-noite encarnarei tua alma” foi um mergulho pelo terror trash brasileiro, a boca do lixo e pelo cinema popular.
No último sábado de novembro, dia 28/11, ocorrerá a segunda exibição com curtas feitos por cineastas guarulhenses. Entre eles, o nosso "Contravenção", obra que vem rodando por aí há algum tempo
O Coletivo Companhia Bueiro Aberto agradece o convite e se dispõe a somar nessa ideia que com certeza trará bons frutos para o nosso cinema.




Confira abaixo o "Manifesto do Cineclube Incinerante":

Caros amantes da sétima arte,

1. A vocês oferecemos o nosso cineclube, de nome Incinerante, que nasce do fervor de cinéfilos e produtores independentes e da necessidade de espaços para discussões sobre o cinema. Vivemos em tempos que a relação do público com os filmes atingiu um paradoxo: a modernidade facilitou o acesso a eles de forma excepcional. Por outro lado, nunca nos foi tão negligenciado lugares para que possamos debate-los.

(Leitura do Manifesto na estreia do projeto)
2. Assistimos nas últimas décadas uma elitização dos pontos de exibições de filmes. Os cinemas de rua são cada vez mais raros, enquanto se proliferam as salas dentro de shopping centers, todas elas, com raríssimas exceções, controladas direta ou indiretamente pelas grandes produtoras internacionais. Nesse grande local de venda de mercadorias, os mercadores da arte tratam o filme como mais um produto vulgar. O cinema nacional e, principalmente, o cinema independente ficam cada vez mais sem espaços. O público cinematográfico é submetido a uma produção homogeneizada. Perde o espectador, o cinéfilo, o produtor independente. Em resumo, perde o cinema.

3. O Cineclube Incinerante busca fugir dessa lógica da arte enquanto produto comercializável do circuito exibidor vigente pela maioria das salas do país. Procura democratizar o acesso ao espectador proporcionando exibições gratuitas e lhe dando voz, tornando-o parte fundamental para o espetáculo. Em nossas atividades haverá a descrença do dito “arte pela arte”, pois acreditamos que ela não acaba em si mesma, e sim que se estende ao pós-filme através das discussões geradas a partir das percepções dos espectadores. Esses, que desejamos que seja o público mais diversificado e democrático possível, trazendo suas vivências em diferentes contextos políticos e sociais para fomentar ainda mais o debate.

4. Com o anseio da descentralização de espaços culturais (privados e públicos), o Cineclube vem com a proposta de ser itinerante. Assim como o cinema trata-se de imagem em movimento, o Cineclube também seguirá esse pensamento com sua itinerância pela cidade, ocupando diferentes pontos de Guarulhos.

5. Por tudo isso o Cineclube Incinerante, assim como o movimento cineclubista de uma forma geral, é sempre um movimento de resistência; um contraponto ao atual modelo de exibição e distribuição de filmes. Criando uma forma de distribuição onde aqueles que não possuem espaço ou voz dentro do grande circuito exibidor sejam contemplados.

6. Anuncia-se um momento de efervescência cultural em nosso meio. Mais do que nunca é válida a velha divisa de: “Liberdade para poder realizar a criação artística. E criação artística para obter a liberdade”. Consideramos este projeto mais uma de tantas iniciativas em defesa de uma arte independente. E sendo assim, chamamos todos os artistas, espectadores de cinema, cinéfilos, cineastas, produtores independentes a se juntarem a esse processo que se inicia.


Guarulhos, 31 de outubro de 2015


                                                 (Matéria escrita pelo cineasta Daniel Neves)




quinta-feira, 5 de novembro de 2015

2 curtas da bueiro aberto estreiam nesse sábado


Nesse sábado, dia 07/11, dando continuidade a Mostra Marginal de Curtas no Sarau Carolina, a Companhia Bueiro Aberto tem o orgulho de estrear dois curtas quentinhos que acabaram de sair do forno. Ambos, assim como a mostra, são parcerias feitas com o Jornal Dialética  e foram inspirados em dois livros publicados pelo Selo independente do coletivo. Um Verso na Maquinaria foi dirigido por Diogo Fonseca e Transmutação por Renato Queiroz, curtas experimentais que se fiaram muito na improvisação do set de gravação.


UM VERSO NA MAQUINARIA

Numa releitura do livro "Um Verso na Maquinaria" do cineasta e escritor Daniel Neves, o curta homônimo foi feito no gênero documentário e surgiu de uma experimentação cinematográfica. Sem roteiro prévio além de um rascunho mínimo, o filme se construiu no próprio processo de produção. Diogo Fonseca e Daniel Neves percorreram diversos ambientes da cidade de Guarulhos e foram gravando o que pedia o momento, concepção que persistiu na montagem.

No fim, temos a figura do poeta na cidade refletindo o império das máquinas, a multidão solitária que move seu livro com a pergunta principal sempre de pano de fundo: é possível existir poesia em meio ao caos urbano atual?

Mas além disso, ele conta na sua biblioteca como começou a escrever, quais são suas influências e o que caracteriza sua poesia. Já na boemia do bar, coloca questões acerca do novo movimento de literatura marginal que toma conta das periferias urbanas do qual se sente parte integrante, seu gosto pela poesia popular.

Trechos de poesias, declamações, a figura do violeiro Diogo Fonseca que observa a cidade do alto da montanha com suas músicas que representam os conflitos do poeta.

"Um verso na maquinaria" narra a esperança da poesia resistir e se fazer mesmo cerceada pelo concreto frio. Como diz Daniel, é a metáfora de Carlos Drummond de Andrade, é a flor que nasce no asfalto.

CURTA METRAGEM: 14 min.
DIREÇÃO: Diogo Fonseca


TRANSMUTAÇÃO

Adaptado do livro "Rabiscos Surrados" de Renato Queiroz, no gênero de ficção, o curta "Transmutação" também traz fortes elementos de um cinema mais espontâneo, aberto ao desenrolar da produção. 

Como no poema homônimo, nos deparamos com a história de um homem perdido entre o vazio completo (expresso na direção de arte que moldou um espaço solitário e na fotografia que trabalhou a escuridão claustrofóbica e a expressividade da personagem) e a libertação completa no seu ato violento de sair daquele lugar. De preso, vendado, nu, ele vai desfrutar sem medo do novo ser que é.

Marcado pela estreia no cinema do excelente ator Warley Noua, o curta é um marco no diálogo que a Bueiro Aberto vem tendo com a literatura, dessa vez, procuramos deixar a palavra um pouco mais de lado e trabalharmos firmemente na linguagem cinematográfica das imagens. Sem a necessidade de o poema  estar ali o tempo todo para explicar o que se passa. 

CURTA METRAGEM: 5 min.
DIREÇÃO: Renato Queiroz
ATUAÇÃO: Warley Noua






O poeta Daniel Neves mostra os cadernos onde começou a escrever



Transmutação marca a estreia de Warley Noua no cinema