domingo, 6 de julho de 2014

Mostra Marginal de Curtas exibe curta de Daniel Fagundes e lançamento de André Okuma


Nesse sábado (05/07), no IV Sarau Carolina , a Companhia Bueiro Aberto organizou mais uma exibição da Mostra Marginal de Curtas. Rolou dois curtas independentes: Das Rosas Que Falo e O Assassinato da Cultura Guarulhense. O primeiro é uma produção do NCA (Núcleo de comunicação Alternativa), dirigido por Daniel Fagundes. O grupo surgiu junto com movimentos culturais da periferia de São Paulo. Partindo de uma perspectiva contrária à indústria cultural, fez vários vídeos, documentários, curtas com pouco recurso mas muito conteúdo e uma proposta estética que leva a fundo o famoso jargão cinemanovista: "Uma ideia na cabeça e uma câmera na mão". Nesse, promove uma homenagem às mulheres tendo como base a metáfora das rosas. Isso se mistura à cultura popular recifense, lugar onde foi gravado: a poesia, a música, os hábitos do povo e o amor. A mulher poetisa, trabalhadora, que sofre com opressões históricas e ainda arruma força para combater o machismo.

Já o segundo foi lançado em primeira mão no Sarau. Dirigido por André Okuma, talvez o mais ativo cineasta guarulhense, o curta-documentário adentra os problemas da política cultural na cidade de Guarulhos, conduzida de cima para baixo, privilegiando a lógica do capital e deixando de lado os artistas regionais, que estão nos bairros e nos centros culturais sem qualquer recurso. A obra é forte, difícil para ser digerida por quem está acostumado a concordar com o atual estado das coisas.

Todavia, o curta vai além. Ele não apenas reflete um entrave local, mas discute a cultura como um todo no contexto socio-político da sociedade brasileira. A referência a Glauber Rocha expressa o conflito que perdura na nossa cultura e no cinema: a arte revolucionária contra a mercadoria cultural dos capitalistas. Qual das duas queremos fazer? O filme indica um caminho.

Feito de maneira autônoma, trazendo reflexões essenciais para o nosso cotidiano social, não se dispõe a obedecer os parâmetros louvados pelos especuladores estatais, que são aqueles alimentados pela Secretaria de Cultura! É crítico, é sarcástico, é propositivo!