quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Confira a lista de 15 filmes da Bueiro Aberto


Em 2015, a produtora da Companhia Bueiro Aberto produziu 11 filmes, entre médias e curtas. Sem qualquer recurso e tendo apreço pela cinefilia, buscando dialogar com as diversas vertentes do cinema, sem medo de por as ideias em prática, experimentando, completamos a marca de 15 filmes, os outros 4 feitos entre 2013 e 2014. As obras simbolizam nada mais nada menos do que o desejo de fazer cinema e o gosto mesmo que nos faz passear pela nossa estética.

Foram 9 curtas, 4 médias e 2 longas. Em 2016, já temos 4 novos projetos que já estão em andamento, entre eles, o longa de ficção "O medo da noite", primeiro filme que faremos com financiamento. Confira a lista das nossas obras abaixo, algumas estão disponíveis na internet e outros circulando por aí:

1. Numa roda de choro (2015)
2. Na real, patins street (2015)
3. Viola Urbana (2015)
4. Bamba de Vila (2015)
5. Contravenção (2015)
6. Entre máscaras (2015)
7. O sexto sentido do mundo (2015),
8. Transmutação (2015)
9. Um verso na Maquinaria (2015)
10. Dvd Orlando Alvorada (2015)
11. Quem matou a educação de São Paulo (2015)
12. Democracidio (2014)
13. Tire os óculos escuros (2014)
14. A cidade (2014)
15. Uma flor nasceu no esgoto (2013)

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Mostra Marginal de Curtas exibirá 2 curtas Guarulhenses de 2015


"Necessidade Básica?" e "Tucunaré" são destaques na última exibição do ano

Caramba, quanto trabalho, mas recompensador, após 11 meses contínuos de exibições com cerca de 22 curtas exibidos, a Mostra Marginal de Curtas no Sarau Carolina, organizada pela Companhia Bueiro Aberto e pelo Jornal Dialética, chega a sua última exibição do ano de 2015. Só temos a agradecer o público e todos que nos ajudaram a difundir o cinema independente, sem qualquer apoio institucional ou empresarial, apenas a autonomia de produtores que põe a mão na massa na periferia, mas sem saudosismo ou paternalismo, são pessoas de dentro da quebrada e que simplesmente fazem sua cultura nos locais onde já moram.

E nada melhor do que encerrar o ano com chave de ouro exibindo dois curtas feitos por produtores guarulhenses independentes da cidade de Guarulhos no ano de 2015. Ambos de parceiros da Bueiro Aberto que vão pro arrebento sem medo e sem se submeter a qualquer autoridade cinematográfica comercial. Guarulhos fervilha de arte e de cinema! Os curtas são: "Necessidade Básica?", do coletivo Polissemia e "Tucunaré", da Barreto Filmes.


NECESSIDADE BÁSICA?

O primeiro curta é "Necessidade Básica?". Dirigido por Cláudia Isadora e Renato Santos, produzido pelo Coletivo Polissemia, o curta narra as precariedades da saúde pública que pode ser vista tanto na cidade de Guarulhos como no resto do país, políticos corruptos que só buscam reeleição, burocratas que nada entendem do cotidiano do hospital e as principais vítimas, pacientes e funcionários.

No Hospital Geral de Guiapeca, Dr. Débora (Pamela Regina), única médica de plantão, lida com um conflito interno e decidirá entre abdicar ou não de seu cargo. A principal causa disso é o descaso da atual gestão liderada pelo Prefeito (Peterson Queiroz) e pela figura cômica de seu secretário de Saúde (Jimmy Andrade)

Com um roteiro muito bem encadeado que caminha entre o ambiente onde as decisões sobre saúde pública são tomadas (de acordo com interesses financeiros) e o local onde essas decisões afetam negativamente a população, vê-se o contexto de um hospital público praticamente abandonado. Mas a abordagem não é generalista, parte dos desafios de uma médica que não sabe qual decisão tomar diante de tamanha falta de respeito do poder público, há, além do quadro social, um ser humano que luta consigo mesmo.

A direção de arte caminha no sentido de ambientar as duas locações onde as cenas acontecem, do hospital caótico ao gabinete do prefeito, das salas aprisionadas onde o drama acontece às salas requintadas da elite política.

A direção de fotografia demonstra a fase experimental pela qual passa o cinema guarulhense, o teste de planos, sobretudo os tradicionais plano aberto e plano fechado. Isso é parte do processo de quem está conhecendo a linguagem de imagens.

Na montagem, destaque para a mistura de cortes lineares com cortes descontínuos, estes últimos aparecem menos, mas já indicam de novo a experimentação. E na atuação é salutar a emoção transmitida pela atriz Pâmela Regina.

Obviamente, como é comum no cinema independente, há os problemas que normalmente enfrentamos, sobretudo na pós-produção. Mas cinema é processo, aos poucos os produtores de Guarulhos vão dominando a estética cinematográfica e seus trabalhos já demonstram qualidade e relevância. A bueiro aberto passa pela mesma fase.


TUCUNARÉ

O segundo curta a ser exibido é "Tucunaré", da co-irmã Barreto Filmes, dirigido por Thiago Barreto, importante cineasta, ator e produtor da cidade que vem trabalhando há mais de um ano em parcerias com a Companhia Bueiro Aberto.


Feito com atores do Grupo Teatro Oficina Uzina Uzona, do diretor Zé Celso, o curta, sem diálogos, é formado por imagens misturadas com uma trilha sonora embriagante e descreve um ritual entre o homem e a árvore, uma reintegração com a natureza em tempos de tecnologia avassaladora.

Tucunaré é um termo indígena que significa "amigo na árvore" e parte da ideia mitológica de que o primeiro homem vivia junto da árvore, no topo, ao descer para comer as frutas podres do chão, desenvolveu o cérebro e a civilização. Não se trata, porém, de uma negação completa ao aprimoramento da racionalidade, o escopo é revirar o processo de evolução de modo a fazer o ser humano, depois de expandir a técnica, voltar à sua origem e à sua harmonia com a natureza. No fim, trata-se uma crítica à destruição ambiental e á desumanização provocada pelo mundo urbano.

Como se fosse um ritual, numa fotografia frenética que aposta em composições arrojadas de quadros e em movimentações rápidas de câmera, "Tucunaré" se consolidou na montagem dinâmica que se faz também como ritual. Os atores adentram à natureza de tal forma que voltam a ser parte imanente dela, são a árvore, a terra, a água, a vida.

Após a produção desse curta, Thiago Barreto e o diretor da Bueiro Aberto Daniel Neves decidiram transformar Tucunaré num longa-metragem que mistura documentário e ficção e se propõe a ser uma pesquisa acerca das culturas indígenas amazônicas e do uso da planta de Ayahuasca em cerimônias religiosas. O longa busca agora financiamento para ser realizado.


Tudo isso sábado agora, no Sarau Carolina