segunda-feira, 30 de junho de 2014

MOSTRA MARGINAL DE CURTAS NO SARAU CAROLINA


A Mostra Marginal de Curtas se propõe a exibir curtas independentes, periféricos e críticos. É um espaço que abrimos em parceria com o Jornal Dialética para difundir vídeos que não aparecem na grande mídia.

Nesse Sarau, exibiremos Das Rosas Que Falo, mais nova produção do NCA (Núcleo de Comunicação Alternativa), um importante coletivo de vídeo popular da periferia da zona sul de São Paulo. O curta é uma homenagem ao dia das mulheres e trabalha elementos da cultura popular: música e poesia.

O outro curta é O Assassinato da Cultura Guarulhense, de André Okuma, um dos principais nomes do cinema em guarulhos. Será lançado no Sarau Carolina e traz um reflexão pesada sobre como se organiza a cultura na cidade, pretendendo discutir de forma questionadora os problemas que os artistas daqui enfrentam e a falta de recursos e iniciativas do poder público local.



Quarto Sarau Carolina, Muita Arte!


quarta-feira, 18 de junho de 2014

Uma Flor Nasceu no Esgoto - Compania Bueiro Aberto


Poesia marginal, cinema de quebrada e crítica social são alguns dos elementos que compõem o curta Uma Flor Nasceu no Esgoto, da Companhia Bueiro Aberto.Partindo do poema Haverá, de Ni Brisant, poeta marginal contemporâneo que faz uma releitura de Carlos Drummond, constrói-se a esperança promovida pela arte periférica contra o sistema opressor. O gueto, lugar onde só se espera tiros e chacinas, se levanta com cultura popular e ataca a elite histórica. O curta dialoga com os movimentos de arte marginal que tomam conta dos bairros pobres das grandes cidades brasileiras.




 

A Cidade, video-poema da Companhia Bueiro Aberto


Produzido a partir do poema A Cidade, retirado do livro Um Verso na Maquinaria, de Daniel Neves, esse vídeo-poema discute o caos em que se insere o nosso modelo urbano atual capitalista: o culto das mercadorias e o rumo ordenado peo lucro que constrói uma vida sem sentido. Enquanto a cidade amanhece, é como se a máquina acordasse junto com os homens e o cotidiano de opressão mantivesse seu poder. Do religioso ao especulador, do político aos produtos, o objetivo é o mesmo, a rapidez sem direção, o vazio. Narrado na perplexidade do poeta, um ser estranho a esse mundo que só tem como reação a incompreensão.

O poeta se une ao músico e a arte fala da contradição social. Com a música de Francisco Tárrega, interpretada por Diogo Fonseca, importante músico guarulhense, a poesia recorre à música e ao cinema para lançar seu grito de desespero e de resistência: o que acontece nessa terra?





A Cidade

A cidade amanhece,
o cartão é a obrigação,
a máquina enlouquece,
o trabalho repetição.

A cidade amanhece!
E quanto a vida?
Enquanto a vida
é vendida num papel,
o engravatado
levanta as mão ao céu.
Os fiéis, ajoelhados,
compram de olhos fechados,
o deputado
sorri para o holocausto,
o médico
 condena seus doentes,
o padre
dá a benção ao presidente.
E a cidade amanhece!

A cidade amanhece!
Com ela,
a senzala
expõe sua sofisticação,
as catracas
enfileiram a multidão,
a fumaça
dita o descompasso.
E a guerra
é oferecida nas vitrines.

A cidade amnhece!
E o poeta, o poeta,
entre perdas no caminho,
tropeça em pedras, perdido:
Meu Deus inexistente,
o que acontece nessa terra?