quarta-feira, 10 de junho de 2015

Democracídio terá exibição em Recife


Há cerca de dois anos começamos a rabiscar o projeto de Democracídio. Gostávamos de cinema e o víamos como uma voz de crítica social, gravávamos esporadicamente, mas mesmo assim nos veio a nada pretensiosa ideia de começar com um longa-metragem, ainda mais sobre tema tão amplo. Depois de idas e vindas, arriscamos, descobrimos as funções da câmera, as atribuições de uma equipe, tudo na prática da filmagem sem ter tido qualquer curso ou experiência num set profissional.

A proposta era de debater a democracia no Brasil a partir de movimentos autônomos e radicais, fora do aparato politico tradicional. Tais movimentos estiveram na linha de frente das manifestações de Junho de 2013, em SP, incluindo um professor, um cineasta e um rapper-escritor.




Entrevista com o professor de filosofia Edson Teles, ex preso-político


Apesar da nossa ferrenha oposição ao tipo de democracia que vivemos, colocamos tanto a visão dos que acham o modelo uma pura e simples ditadura como aqueles que dizem ser uma democracia autoritária. De qualquer forma, o ponto central é que a democracia se mostra com uma aparência, uma máscara que esconde a violência cotidiana contra o povo da periferia. O governo do povo que ataca seu próprio povo. Ao longo do processo, descobrimos como a própria democracia poderia ser, de certa forma, uma alternativa, a ideia de democracia popular, horizontal, diversa da que está aí.




Entrevista com o Coletivo Perifatividade, periferia de SP


Além do tema polêmico, tínhamos em mente a defesa do cinema de quebrada, que discutisse esteticamente os gêneros cinematográficos. Por isso, mesclamos depoimentos com montagens de arquivo e cenas de ficção. Surgiu o deputado Carlos Magno e o jornalista Orlando Maquiavel, figuras sarcásticas do poder dominante. Apareceu um poeta que propôs fazer um filme contra a violência, a câmera virou arma tirada da cintura. No fim, Glauber Rocha levanta uma politica libertária na época em que o Brasil vivia a abertura para a suposta democracia. 



Deputado Carlos Magno conversa com Orlando Maquiavel antes do início do programa


Foram muitas batalhas, sem qualquer recurso, conseguimos finalizar "Democracídio". Por curiosidade, o filme estreou na época das eleições, uma intensa polarização política que, como está na película, reflete dois lados da mesma moeda. Na imposição dos que mandam aos que obedecem, PT e PSDB cumprem idêntico papel, servem aos mesmos grupos que permanecem no poder em toda história do Brasil.

Pecamos na difusão, outro lado do cinema que descobrimos, a dificuldade de distribuição. Contudo, o filme foi exibido no III Festival Internacional de Filmes Anarquistas de São Paulo. A boa recepção rendeu frutos e o filme foi um dos selecionados para a Mostra Itinerante do Festival na cidade de Recife.

Nessa sexta-feira, 12/06, Democracídio será exibido no primeiro dia da Mostra. O Festival é a prova de que o cinema independente pode sobreviver à grande mídia.

http://heyevent.com/event/d6eqdivxhlpdwa/mostra-internacional-de-filmes-anarquistas-itinerancia-do-festival-anarquista-e-punk-de-sp




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